Mensagem da Semana - "Vigor, Doçura e amizade"
Vigor, doçura e amizade
Rute, Noemi e Orfa fizeram uma reunião plenária da sociedade de mulheres para tratar de alguns assuntos fundamentais: fome, enfermidade, morte, casamento, felicidade, amargura, e amizade. O livro de Rute, que inclui a ata dessa reunião, retrata o drama existencial de mulheres que tiveram que fazer opções radicais em sua vida. Três mulheres e três visões de mundo. Três mulheres e três estilos de vida. Três mulheres e três projetos distintos. Seus nomes, Orfa, Noemi e Rute, denunciam seu caráter e seu carisma.
O projeto do “EU”
A mais jovem, Orfa chamada, representa o projeto do “EU”. O significado hebraico do seu nome sugere “pescoço”, “nuca”, e daí a interpretação de que Orfa é “aquela que volta as costas” (cf. nota da Bíblia de Jerusalém). Diante das dificuldades enfrentadas e da proposta de Noemi, Orfa voltou para o seu povo, para os seus deuses, em busca da sua felicidade.
Outros dizem que Orfa representa o “vigor da juventude”. E é próprio dos jovens um certo egoísmo. Uma preocupação com a satisfação pessoal em detrimento dos demais. Como muitos jovens, Orfa foi em busca da sua felicidade, ainda que isso custasse a infelicidade de suas amigas.
A Bíblia não condena a atitude individualista de Orfa. Parece que até se compadece dela. Entretanto, a partir daí não temos mais notícias dela. Seu interesse particular e presente a isolam da história e do futuro.
O projeto do “TU”
Noemi, a sogra, representa o projeto do “TU”. Seu nome significa “minha doçura”. A narrativa deixa explícita a postura altruísta de Noemi. “Não se preocupem comigo, vão cuidar da vida de vocês, sejam felizes...” e as beija. Tão meiga, tão carinhosa, tão doce... Entretanto, o mesmo texto mostra o outro lado dessa personagem.
No fundo tornou-se uma pessoa extremamente amarga (e chega a culpar Deus por isso: “O Senhor me amargou...”). Quando volta para Belém, não quer ser tratada por Noemi, mas quer ser chamada Mara, que em hebraico quer dizer “amargura”.
O projeto do “Nós”
Felizmente, o texto nos apresenta Rute que, em hebraico significa “amiga”. E esse é seu carisma. Rute não está interessada em ser feliz sozinha. Para ela, só vale a pena ser feliz se todas forem felizes juntas: “o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus, aonde você for eu vou, onde vê viver e morrer, ali viverei e morrerei também (vd. V. 16-17).
O projeto do “Nós” nos mostra que a felicidade só é completa quando todos dela participam. Minha refeição farta não me alegra se sei que há quem padeça fome. Minha prosperidade não me dá orgulho se sei que ela custa a miséria do meu próximo. Minha alegria me entristece se não é capaz de fazer sorrir aqueles e aquelas que me rodeiam.
Qual dos três projetos é o melhor? A Bíblia não diz explicitamente, mas deixa transparecer. Enquanto Orfa desaparece de cena, Rute entra para a história tornando-se uma das avós de Jesus Cristo, o Messias. Sim, uma estrangeira, uma mulher, uma amiga garantiu a chegada da salvação ao mundo. (Seu nome ganhou um lugar inclusive no Novo Testamento, e está citado na genealogia de Jesus em Mateus 1.5.)
Conclusão
Orfa nos adverte contra o egoísmo das novas gerações que nos alienam das pessoas e da história. Noemi nos adverte para o fato de que se não nos valorizarmos e nos respeitarmos, não podemos esperar que os outros o façam. E Rute nos ensina a pensar comunitariamente e a agir com amizade verdadeira. Assim, um outro título possível para esta reflexão, inspirado no cancioneiro popular, seria “amigas para sempre”.
Então, o que é que se espera das mulheres de hoje (e dos homens não se poderia esperar outra coisa)? Não tanto que sejam fortes e vibrantes, nem que sejam doces e submissas, mas que sejam acima de tudo amigas, para que possamos ser felizes juntos. Sim! Amigas e amigos para sempre.
Pr. Osmar
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