Dízimos e Ofertas - Estudo do Bispo Ildo


Dízimo e Oferta

Estudo preparado pelo Bispo José Ildo Swartele de Mello

Introdução

Pretendo apresentar neste breve estudo uma visão bíblica e equilibrada sobre esta questão que é tão controvertida, mesmo dentro do círculo evangélico. Discutiremos a questão do legalismo e do liberalismo. Primeiramente tratarei da questão do dízimo, demonstrando que sua prática é anterior ao Sinai e que o próprio Senhor Jesus disse que o ato de dizimar não deveria ser omitido por seus seguidores. Passarei, então, a falar um pouco sobre o propósito dos dízimos e ofertas e também sobre como ofertar e quais devem ser as motivações.

Dízimo antes da Lei

Abraão deu dízimo dos seus bens a Melquisedeque: (Gênesis 14:17-20)

Jacó fez voto de dar dízimo de tudo. (Gênesis 28:20-22)

Dízimo no Período da Lei do AT

Era um mandamento, pois o dízimo é santo ao SENHOR (Lv 27:30-33)

O dízimo foi instituído para ser o sustento dos sacerdotes: (Números 18:21-24 e 31; Neemias 12:44; Malaquias 3:8-12).

Dízimo no Novo Testamento

Jesus ensina que a prática de dar o dízimo não deve ser omitida: (Mt 23:23; Lc 11:42)

Jesus também disse: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” (Mateus 5:20)

É claro que o cristão não está debaixo da lei, mas não deve fazer uso da liberdade cristã para dar ocasião à carne (Gálatas 5:13) No caso, não se deve usar a liberdade cristã como pretexto para não ofertar ou justificar dar menos que o dízimo. Pois a justiça do cristão deve exceder a dos legalistas como os escribas e fariseus da época do Novo Testamento e não ficar aquém.

Dois extremos opostos perigosos na abordagem desta questão são:

1. O legalismo, que ensina que o cristão ainda está debaixo da lei Mosaica e...

2. O extremo de se pensar que o cristão está sem nenhuma lei e que pode fazer o que bem entende.

Paulo, nos primeiros versículos de Romanos 8, ensina que a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, nos livrou da lei do pecado e da morte. Ou seja, não estamos mais sujeitos a lei do AT, mas devemos ser guiados pelo Espírito Santo. É bom que não se confunda o fato de não estarmos mais debaixo da lei como se isto significasse a mesma coisa que estar contra os preceitos da lei. Pois, o próprio Paulo ensina que os mandamentos da lei são santos, puros e bons (Rm 7.12). O problema da lei não reside nos mandamentos em si, mas no homem que é incapaz de cumpri-los totalmente (Rm 7.14). A lei não serve para conduzir o homem a Deus, mas para revelar o quanto o homem está distante de Deus (7.13). É neste sentido que Paulo diz que a lei serviu de aio (ama seca ou tutor. Gl 3.24), conduzindo o homem à graça misericordiosa do Evangelho de Cristo que concede perdão e esperança até mesmo ao mais pervertido dos pecadores, que, arrependido, aceita a oferta da salvação. Portanto, Paulo não é contra a lei de Deus, mas é contra o sistema que usa a lei como um caminho para o céu. Paulo não é contra as boas obras, mas contra a idéia de que o homem pode ser salvo através das obras. A questão mais uma vez não reside nas obras em si, mas no lugar delas. Paulo ensina que o cristão é salvo pela fé e graça para as boas obras (Ef 2.8-10). Não pelas obras, mas para as boas obras. Jesus e seus apóstolos esperavam que os cristãos, que estão debaixo da graça, viessem a superar em justiça e boas obras aqueles religiosos que estão debaixo da lei, com a diferença de que, como cristãos, não fazemos isto para sermos salvos, mas porque já fomos salvos; não para alcançarmos a Deus, mas porque fomos alcançados por Ele; não para chegarmos ao céu, mas porque o céu desceu a nós, e assim por diante. Nós o amamos, porque Ele primeiramente foi quem nos amou (1 Jo 4.19). Cheios do Espírito Santo, com o amor de Deus no coração (Rm 5.5), o cristão acaba cumprindo a lei, pois o cumprimento da lei se dá através do amor (Rm 13.10). Aquilo que era impossível acontecer através da carne, ou seja, da pura vontade humana, agora se faz possível através da lei do Espírito e da Vida, que possibilita ao homem um andar não segundo a carne e suas paixões, mas conforme o Espírito.

Tudo isto para dizer que o cristão não está debaixo da lei, mas sim debaixo do amor de Deus. Por causa deste amor de Deus por nós e em nós é que somos capazes de amá-lo sobre todas as coisas e de amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Neste amor e graça, cheios do Espírito Santo, buscamos agradar a Deus em tudo. Aplicando isto a questão dos dízimos e ofertas, concluo dizendo que, o cristão não está debaixo da lei do dízimo assim como não está debaixo de nenhum outro mandamento do Antigo Testamento como caminho para sua salvação. No entanto, o preceito do dízimo também é santo, puro e bom, assim como os mandamentos de não matar, não roubar e de honrar pai e mãe. Veja que o princípio elementar do dízimo é justo, pois faz com que cada um contribua de maneira proporcional com o que ganha. Contribuir de maneira proporcional ao seu ganho é um princípio reafirmado no Novo Testamento (1 Co 16.2). Faço questão de ressaltar o fato deste princípio ser reafirmado no Novo Testamento, assim como também de destacar a frase de Jesus que diz que não devemos omitir a prática de dizimar, lembrando que nós devemos ensinar a guardar tudo o que Jesus nos ordenou (Mt 28.19).

Portanto, os mandamentos e ensinos do Antigo Testamento que foram reafirmados por Jesus e seus Apóstolos devem ser obedecidos pelos cristãos. Digo isto, pois existem ensinos no Antigo Testamento que tiveram razão de ser um dia e que valeram apenas para um determinado contexto histórico, mas que, hoje, estão ultrapassados, como por exemplo: os sacrifícios de cordeiros para expiação de pecados, que foram superados pelo advento do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). No Novo Testamento, aprendemos a respeito de muitos conceitos e ensinos do Antigo Testamento que serviram como figuras de uma realidade que era ainda vindoura para eles, mas que já tiveram cumprimento e fim em Cristo e Sua Igreja (Co 2.17, Hb 10.1). O Fim da lei é Cristo e agora estamos debaixo de um Novo Testamento, que, como vemos em Mt 18.19, tem seus próprios mandamentos (ver também Jo 14.21). Devemos fazer uma leitura do Antigo Testamento à luz do ministério de Cristo. Sendo assim, os ensinos do Antigo Testamento que foram reafirmados pelo Novo, continuam valendo para nós os cristãos. O Novo Testamento está cheio de mandamentos. Mas o cristão não se relaciona com estes mandamentos do mesmo modo como os judeus faziam ou fazem com os mandamentos do Antigo Testamento, pois é na esfera da graça e da salvação por meio da fé que o cristão encontra estimulo para, espontaneamente, seguir e obedecer a seu Amado Senhor com alegria.

O que vemos no Novo Testamento é que os cristãos costumavam contribuir com valores muito acima do dízimo (2 Coríntios 8:1-5). Agora, usar da liberdade cristã para dar menos que o dízimo é algo suspeito e também estranho ao espírito de generosidade que perpassa as páginas do Novo Testamento. Jesus disse que não devíamos omitir a prática do dízimo (Mt 23:23) e também disse que devíamos superar os legalistas no quesito justiça (Mateus 5:20). Devemos tomar cuidado com a avareza e com o apego e o amor ao dinheiro. Vamos obedecer ao Senhor com alegria.

Destino dos Dízimos e ofertas:

1. Contribuir para o cumprimento da Missão da Igreja.

· Devemos contribuir de todas as formas possíveis para que a Igreja possa ser bem sucedida no cumprimento da Grande Missão que Jesus deu a ela (Mt 28.18-20). Fazer Discípulos de todas as nações envolve evangelizar, ensinar e enviar, sabendo que o valor de uma alma é bem superior ao valor dos bens materiais do mundo inteiro (Mc 8.36).

2. Sustento dos pastores e missionários

· 1 Timóteo 5:17-18: “Os presbíteros que presidem bem sejam estimados por dignos de duplicados honorários, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário."

· 1 Coríntios 9:6-14

· Filipenses 4:15-18

3. Socorrer os necessitados:

· Atos 2:44-45; 1 João 3:17; Efésios 4:28; Tiago 1:27; Mt 25:31-40; Mt 12:50; 1Tm 5:16

Como ofertar:

1. Anonimamente: Mateus 6:1-4

2. Voluntariamente 2 Coríntios 8:3-4

3. Com alegria: 1 Cr 29.9; 2Cr 9:7 “... porque Deus ama ao que dá com alegria." E 2Cr 8:3-4

4. Com esperança na provisão e na recompensa divina: 2 Coríntios 9:6; Mateus 6:19-21; Lucas 12:33;

5. Devemos ofertar sacrifical e generosamente: Exemplo de pessoas que ofertavam com generosidade a despeito da profunda pobreza: 2 Coríntios 8:1-6. 6. Exemplo clássico da oferta sacrifical da Viúva pobre: Marcos 12:41-44; Davi disse que não ofereceria ao Senhor algo que não lhe custasse nada: 1 Crônicas 21:24. A mulher pecadora que derramou seu precioso perfume nos pés de Jesus (Lc 7.36ss).

A motivação correta ao Dizimar e ofertar deve envolver:

· O amor a Deus sobre todas as coisas: Quando o ato de dizimar e ofertar revela que Deus é mais importante para nós do que os bens materiais. É um ato de louvor e reconhecimento do valor que Deus tem para nós. Um sinal de devoção a Deus e de desprendimento e desapego aos bens materiais. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1 Tm 6.10). Mamom é o deus mais adorado do mundo. Não podeis servir a dois senhores (Mt 6.24).

· O amor e lealdade à Igreja e sua missão (1Cr 29.3)

· O amor às pessoas que estão no mundo e precisam de Cristo.

· A Gratidão (Lc 7.36ss)

· O exemplo de Cristo: (2Co 8-9)

· O reconhecimento de que Deus é o Grande Provedor de tudo de bom que temos e somos. Na certeza de Deus é quem cuida de nós (1 Pe 5.7) e de que é galardoador daqueles que o buscam (Hb 11.1).

· Jesus motiva seus discípulos dizendo que há recompensa para o ato de dar “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também” (Lucas 6:38). Certamente este texto não se aplica única e exclusivamente a doação de bens materiais, mas se aplica a elas também. Dorcas foi abençoada por sua generosidade: “Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, nome este que, traduzido, quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia (Atos 9:36). O capítulo que trata da conversão de Cornélio registra por 3 vezes que ele era caridoso e o texto ainda diz que tais esmolas subiram para memória diante de Deus o que ajuda em parte a explicar a visita do anjo: “piedoso e temente a Deus com toda a sua casa e que fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus” (Atos 10:2); “Cornélio! Este, fixando nele os olhos e possuído de temor, perguntou: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus” (Atos 10:4); “e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas, lembradas na presença de Deus” (Atos 10:31). Pois Jesus disse:para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:4). Jesus também nos encoraja a não acumular tesouros na terra, mas, ao contrário, devemos buscar juntar tesouros nos céus, devemos agir em busca da recompensa celestial: “mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mateus 6:20). Por esta razão é que o Apóstolo Paulo exorta a Timóteo dizendo: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida” (1 Tm 6.17-19). Devemos buscar o Reino de Deus em primeiro lugar (Mt 6.33) e devemos buscar as coisas celestiais: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus (Colossenses 3:1).

Em 1 Cr 29 existe um salmo de Davi muito precioso que diz respeito à oferta que o povo trouxe para a construção do templo. Neste salmo, aprendemos muito sobre como ofertar e também sobre quais devem ser nossas motivações:

“Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força. Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos e louvamos o teu glorioso nome. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos. Porque somos estranhos diante de ti e peregrinos como todos os nossos pais; como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e não temos permanência. SENHOR, nosso Deus, toda esta abundância que preparamos para te edificar uma casa ao teu santo nome vem da tua mão e é toda tua. Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações e que da sinceridade te agradas; eu também, na sinceridade de meu coração, dei voluntariamente todas estas coisas; acabo de ver com alegria que o teu povo, que se acha aqui, te faz ofertas voluntariamente.

Ildo Mello
Bispo da Igreja Metodista Livre do Brasil: www.metodistalivre.org.br
Twitter: http://twitter.com/ildomello
Meu Blogs:
http://escatologiacrista.blogspot.com/

Comentários

JEAN GUARNIERI disse…
Boa tarde, Sou leigo no Assundo mas estudo muito Biblia, Sou Crente em Jesus busco Seguir seus mandamentos, pelos estudos juntos com professores e teologos, Sei q a Igreja Somos Nos o Reino de Jesus na terra (atos), sei q Deus fez uma nova Aliança(atos, 1ºcorintios... devemos respeitar mas não seguir a velha aliança (galatas) se seguimos 1 mandamento da lei de Moises devemos seguir TODOS e logico se afastamos de Jesus, (galatas5) quando Jesus Implantou sua igreja tambem nos ensinou seus mandamnetos apartir dos apostolos(atos, 1 e 2Corintios...) então sei q devemos adorar a Cristo como ele nos ensinou (somos sua igreja na terra) Jesus passou a seus apostolos como devemos adorrar a Cristo e Deus, sei q temos q ser exatamente como esta na BIBLIA, isso fale para BATISMO, CEIA, OFERTA, LOUVORES, ORAÇÃO

E EM 1ªCORINTIOS O APOSTOLO ENSINA COMO DEVE SER A OFERTA A IGREJA

DE CORAÇÃO CONFORME SEU SALARIO NO 1ºDIA DA SEMANA NO MESMO DIA DA CEIA DO SENHOR!

EU PARTICULARMENTE FAÇO CONFORME A BIBLIA ENSINA CONFORME JESUS NOS ENSINA!

ACREDITO EU DIZIMO 10%DO SALARIO É UMA LEI DO VELHO TESTAMENTO Q FOI ANULADA NA CRUZ COM A MORTE DE CRISTO CREIO EM CRISTO NOS ENSINAMENTOS DE CRISTO

ESSE É MEU PONTO DE VISTA

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